segunda-feira, 21 de setembro, 2015

Novartis mantém otimismo mesmo com dólar mais caro

Aumentar vendas, mantendo o atual quadro de funcionários, faz parte da estratégica da farmacêutica Novartis para compensar a forte alta de custos em 2015, em decorrência da desvalorização cambial. Com compras públicas em baixa, a companhia encontrou nos genéricos o motor para um crescimento de dois dígitos num ano de recessão.
"O mercado farmacêutico continua apresentando crescimento [em 2015] em relação ao ano passado, mas o impacto percebido é que o avanço neste ano, em relação ao histórico dos últimos anos, ocorre a uma taxa menor", relata o presidente da Novartis, José Antônio Vieira, em entrevista exclusiva ao Valor - a primeira desde que assumiu o cargo em abril deste ano, vindo da AbbVie.
A companhia suíça projeta um crescimento entre 9% e 11% para 2015, pouco acima da previsão do setor, de uma alta inferior a 10% no ano, segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) em agosto. "Isso é abaixo da média em relação aos últimos anos, mas ainda é um crescimento bastante positivo, quando comparado a outros mercados e empresas", diz.
Segundo o executivo, a venda em farmácias - que representa pouco mais de 65% do mercado nacional - apresenta bom desempenho, com a divisão de genéricos em destaque. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos), a Sandoz, divisão de genéricos da Novartis, registrou alta de 29,1% nas vendas do primeiro semestre, para 39,9 mil unidades, mais do que o dobro do avanço setorial de 12,3%.
"As vendas institucionais, por outro lado, têm um perfil de crescimento bem abaixo das outras áreas. Num momento em que há reduções de gastos do governo, é de se esperar que haja um impacto nas vendas", afirma Vieira.
Outro fator a prejudicar o desempenho da indústria farmacêutica no ano é a alta do dólar - de 49% até o momento. "Uma parte substancial do nosso custo é de importados de alta complexidade. Então a alta do dólar impacta e, como atuamos num segmento onde o preço é absolutamente controlado, é preciso absorver esse aumento de custo", explica o executivo.
Assim, o ganho de produtividade é a alternativa possível, embora não chegue a compensar o efeito da alta de custos sobre os resultados. "É preciso controlar o avanço de gastos e conseguir que a força [de trabalho] existente entregue aumento de vendas, segurando a estrutura de custos sem que haja expansão", afirma.
Tendo iniciado sua carreira no setor farmacêutico na Ciba Geigy, que se fundiria em 1996 à Sandoz, criando a Novartis, Vieira voltou à companhia um ano depois do anúncio de uma reestruturação global da empresa. Em abril de 2014, a Novartis vendeu sua divisão de saúde animal à Eli Lilly e seu negócio de vacinas à GlaxoSmithKline, comprando a área de oncologia da GSK.
Com a venda do negócio de vacinas, uma fábrica em construção em Jaboatão dos Guararapes (PE) ficou com destino incerto. "Estamos comprometidos em encontrar um comprador para essa fábrica, que consiga dar um destino produtivo para esse investimento feito", relata Vieira. Orçada inicialmente em R$ 1 bilhão, o projeto contou com financiamento de R$ 800 milhões pelo BNDES.
Valor Economico
Produtos relacionados
Ver esta noticia em: english
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP