segunda-feira, 30 de junho, 2014

Frio favorece a produção de maçãs e trutas

Lidar com as incertezas climáticas faz parte do cotidiano dos produtores de maçã na Serra Catarinense, de onde sai uma em cada duas maçãs consumidas no país. Há três anos a produção nacional vem sendo afetada por granizo, geada e seca, o que deve resultar em uma safra 5% menor em 2014 em comparação com a do ano passado, de 1,08 milhão de toneladas. Na Serra Catarinense, a atividade gera renda para 2,4 mil famílias de produtores rurais e cria 18 mil postos de trabalho temporário entre janeiro e abril, época da colheita.
Em 2013 as vendas de maçãs movimentaram R$ 1,4 bilhão no Brasil. Praticamente toda a produção se concentra nos três Estados da Região Sul, por causa da condição climática favorável. Planta de frio, a macieira precisa de pelo menos 700 horas em temperaturas abaixo de 7,2 graus para que possa entrar em dormência e assim acumular energia para se desenvolver. Santa Catarina é o maior produtor nacional da fruta, com 51% das vendas, seguido do Rio Grande do Sul (44%) e do Paraná (5%).
As primeiras pesquisas sobre a cultura da maçã no Brasil foram realizadas em 1963 por agrônomos franceses. Até 1985, a variedade Golden representava um terço dos plantios, mas houve rejeição dos consumidores por causa da acidez da fruta. No início dos anos 1990 ela foi erradicada e substituída pelas variedades Gala e Fuji. Um grande salto na produção da Fuji na Serra Catarinense ocorreu a partir das pesquisas realizadas em cooperação com técnicos da província de Aomori, no Japão.
"Cultivar macieiras é uma oportunidade de ganhar a vida decentemente no campo, mas tem uma contrapartida", diz o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã, Pierre Nicolas Pérès. "É uma cultura de implantação muito cara, complexa e tecnificada, por isso o empreendedor precisa estar capitalizado e planejar bem o negócio". Um problema verificado nos últimos quatro anos é a falta de mão de obra.
"A melhoria do poder aquisitivo fez com que muitos jovens tenham encontrado oportunidades de trabalho em outras regiões", diz. Para ele, a solução passa pela busca de novas tecnologias. O produtor rural João Martins Filho é um dos que têm encontrado dificuldades para contratar gente para a colheita no seu pomar de 27 hectares em Urubici, que demanda em torno de 50 trabalhadores temporários.
Outro negócio que depende do frio é a criação de truta arco-íris em cativeiro. O peixe precisa de água corrente e cristalina em temperaturas entre 3 e 26 graus, o que não falta na região. Em torno de 60 criadores desenvolvem a atividade no Estado. Por ser uma cultura intensiva, ela pode alcançar alta produtividade em pequenas áreas. Um estudo de viabilidade econômica realizado por Andressa Steffen Barbosa, mestre em Ciência Animal pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), estima um prazo de cinco a seis anos para retorno do capital investido.
Em Urubici funciona a segunda maior produtora do país, Trutas do Professor Hélio, criada pelo biólogo Hélio Antunes de Souza. Todo o ciclo produtivo é realizado na própria empresa, que fornece o produto em forma de filé. Em 1985 ele criou um programa de computador para o manejo dos peixes para ter oferta disponível o anotodo. Ele investiu R$ 3,5 milhões no negócio e produz em média 10 toneladas mensais, com faturamento anual de R$ 1,5 milhão.
Valor
Produtos relacionados
Ver esta noticia em: english
Outras noticias
DATAMARK LTDA. © Copyright 1998-2024 ®All rights reserved.Av. Brig. Faria Lima,1993 3º andar 01452-001 São Paulo/SP