A produção automotiva global deve crescer cerca de 4% neste ano e em 2015, com aumento de vendas na China e nos EUA, mas com queda na Europa e em emergentes como o Brasil e Rússia. A projeção da Euler Hermes, maior grupo mundial de seguros de créditos, é acompanhada com interesse nos mercados pelas indicações que a indústria automotiva pode dar sobre a economia de cada país.
A expectativa é de que a produção supere 100 milhões de veículos até 2017. A produção começou a migrar para os emergentes com grande população e bom crescimento, como ilustrado pela expansão entre 2007 e 2013: alta de 149% na China, 72% na Índia, 26% no Brasil, e declínio em países industrializados com contração de 49% na Itália e de 42% na França.
Enquanto as montadoras europeias continuam a sofrer com lucratividade muito fraca, na China acontece o contrário, ou seja, lucratividade excessiva. A China, hoje o maior mercado mundial, deve alcançar 20 milhões de unidades vendidas este ano, representando 27% das vendas globais.
Cerca de 62% das montadoras na China são europeias ou americanas. Para a Volkswagen, o país representa 30% das vendas e quase 50% dos ganhos. A questão é até quando será possível manter preços tão altos no mercado chinês. Audi, Jaguar e Land Rover começaram a revisar suas estratégias de preços na China, em reação a investigação iniciada pelo governo.
O mercado dos EUA representa 23% das vendas globais de carros, com 16,5 milhões de unidades. Ele continua sendo muito lucrativo, dominado por grandes pickups e utilitários esportivos.
Examinando o potencial dos mercados, a Euler Hermes nota que a reindustrialização dos Estados Unidos e do Reino Unido vem sendo confirmada pelo retorno da produção automotiva, mesmo se parcialmente.
A Europa representa mais de 17% das vendas mundiais, com 12,9 milhões de unidades. Apesar da recuperação iniciada este ano, as vendas em 2015 devem continuar 15% abaixo do volume de antes da crise iniciada em 2007. A Europa é um dos mercados mais complicados pelo excesso de capacidade, o que leva a uma lucratividade muito pequena ou negativa.
Apesar do fechamento de fábricas pela Ford, Opel e PSA, o excesso de capacidade na Europa é de quase 6 milhões de unidades. A Alemanha, França e Espanha lutam para salvar o setor, pelo seu simbolismo político. A conclusão é de que a indústria automotiva europeia ainda tem um longo caminho a percorrer na sua revolução industrial.
O eldorado esperado nos emergentes para as montadoras tem sido afetado pela desaceleração em grandes mercados. Para 2014, a projeção de Euler Hermes é de queda de 10% no registro de novos carros no Brasil, com retomada de 3% em 2015. As vendas podem chegar a 2,5 milhões de unidades este ano, em meio a queda na lucratividade das montadoras.
Na Argentina, é esperada uma contração de 30% no mercado automotivo. O colapso vem no rastro da desvalorização de 18% da moeda, do aumento de impostos e também das dificuldades do país em exportar carros para seu maior mercado, o Brasil.
Na Rússia, o mercado continua caótico e atinge investimentos localmente. A projeção é de queda de 14% nas vendas este ano e ligeira recuperação em 2015, com 2,5 milhões de unidades. A Índia começa a sair gradualmente das trevas e as vendas chegam a 1,8 milhão de carros este ano, para uma população de 1,8 bilhão de pessoas. A alta é de 2,5% no ano.
Para a Euler Hermes, os grandes vencedores em 2015 vão ser os fabricantes de componentes, que realocaram fábricas para locais mais baratos, e terão margem operacional de 7,5% na média.
Valor Economico
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