Modelo de sucessão levou açougue a ampliar negócio

São Paulo - Uma sequência de sucessões bem realizadas levou a empresa familiar CampCarne, hoje comandada pelos irmãos Pedro e Caio Toledo, a transformar o pequeno açougue de Campinas em uma companhia de logística que cresce dois dígitos por ano.
Criada em meados de 1930 pelo bisavô dos empresários, a companhia nasceu como um frigorífico, evoluiu para um comércio de carnes e três gerações depois se tornou uma holding controladora de duas empresas: o açougue - hoje com apelo gourmet - e a corporação especializada na gestão logística para redes de alimentação W Food Service.
Para chegar até aqui, no entanto, foram necessários uma série de esforços. Entre eles, tratado como o principal pela família Toledo, foi a sucessão da companhia, que foi passando de geração para geração sem causar transtornos ou disputas entre membros do clã.
"Não é porque a pessoa é da família que ela está capacitada para assumir alguma posição. Nós sempre tivemos esse pensamento de que é preciso ter capacidade para tocar o negócio, além de ter afinidade com esse ramo", conta o diretor da CampCarne, Pedro Toledo.
Talvez, por isso, a continuidade dos negócios da família supera a média de duração das empresas familiares no Brasil que, geralmente, não passam da terceira geração.
Segundo especialistas, de cada 100 empresas familiares que são abertas apenas 30% chegam à segunda geração e só 5% à terceira, grande parte em função de conflitos familiares pelo poder dos negócios.
"A visão empresarial tem que fazer parte da característica do sucessor. Minha irmã, por exemplo, é advogada. Não é da nossa área. O objetivo de quem assume tem que ser bem claro e, para isso, é preciso se preparar bem", diz.
Apesar dos exemplos bem sucedidos, Toledo mostra preocupação com o futuro dos negócios e decidiu incrementar ainda mais o modelo de gestão e sucessão na CampCarne e na W Food Service.
"Ainda não penso na futura geração, mas já nos preparamos para que quem receba essa empresa a torne ainda melhor do que já é. Por isso decidimos aplicar o programa Parceiros para a Excelência [PAEX]", afirma o empresário.
Capacitação
O programa mencionado por Toledo é aplicado pela Fundação Dom Cabral em empresas de médio porte interessadas em aprimorar sua gestão e o desenvolvimento do negócio.
Com a ajuda de professores da instituição, o curso inclui atividades como desenvolvimento e revisão do planejamento estratégico da empresa, acompanhamento mensal do resultado, estruturação das áreas de gestão da empresa e um Programa de Desenvolvimento de Dirigentes (PDD) voltado para a capacitação dos gestores da empresa em estratégia, finanças, marketing e vendas, gestão de pessoas, processos e projetos.
"O foco principal é profissionalizar qualquer participante, seja ele da família que controla a empresa ou não, a gerir uma empresa desse tamanho. Isso também inclui o trabalho emocional", explica o sócio diretor da PKT Consultoria Empresarial, Leonardo Teixeira.
A consultoria participa do projeto da Dom Cabral em parceria com as instituições.
De acordo com Teixeira, o maior ganho do programa é o intercâmbio de informações que gestores de companhias diferentes podem trocar durante a realização do curso.
Os resultados são, em sua ampla maioria, satisfatórios. "Quando existe sinergia, vontade e engajamento em relação ao programa o sucesso é praticamente 100%, até mesmo do ponto de vista dos números da empresa", lembra.
Solidez
No caso específico da CampCarne e W Food Service, o sucesso pode ser avaliado através dos últimos números divulgados pela empresa. "Em 2014, já com o programa, crescemos 25% frente ao ano anterior. No ano passado, mesmo com a crise, avançamos 15%. No primeiro trimestre deste ano, constatamos novo crescimento de dois dígitos frente ao 1º trimestre de 2015. Esperamos encerrar 2016 dessa forma", finalizou Toledo ao DCI.