Friday, September 25, 2015

Moinhos veem mercado internacional como saída

Em um movimento inverso ao das demais commodities, que têm a receita incrementada pelo dólar alto, o trigo sente os prejuízos por ser dependente das importações. Pressionados também pelo avanço nos custos de produção, os moinhos querem crescer nas exportações de derivados do cereal para fecharem a conta.
A avaliação foi dada ontem (24) pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sergio Amaral. "A grande preocupação do momento é a desvalorização do real", enfatiza. Além disso, o cenário econômico tem colaborado para a queda estimada entre 2,5% e 3% no consumo interno anual de trigo e de, aproximadamente, 1,3% nos subprodutos do cereal (biscoitos, massas, etc.).
Sendo assim, a estratégia passa a ser o mercado internacional. "A exportação de derivados pode, de alguma forma, compensar a retração no consumo interno. Talvez a farinha não seja possível, mas os derivados sim. É o que queremos", projeta.
Informações da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) mostram que, desde 2010, não houve forte oscilação no volume de exportação de biscoitos, por exemplo, que fechou 2014 em 1,22 milhão de toneladas, atrás de China, EUA e Índia. Porém, a receita foi crescente, com US$ 8,02 bilhões no ano passado, ante os US$ 7,39 bilhões registrados em 2013 e os US$ 6,71 bilhões obtidos no ano anterior.
No Brasil, o consumo de biscoitos ficou próximo das exportações e fechou 2014 com 1,7 milhão de toneladas.
Mercado adverso
"Os derivados do trigo não teriam um desempenho diferente da economia. Mesmo que caia a demanda por farinha, [a queda] ainda é menor que a de outros itens da cesta básica", afirma o executivo. Em consequência, a moagem deve ter uma retração proporcional à diminuição do consumo.
Apesar que 50% da composição do mercado são por meio de trigo importado, essa diminuição nas operações dos moinhos fez com que, no acumulado do ano até agosto, as compras brasileiras da commodity somassem 3,3 milhões de toneladas, baixa de cerca de 20% ante o mesmo período ano passado.
Para 2015, a expectativa da associação é que sejam importadas cinco milhões de toneladas de trigo, retração de 13,5% sobre o total de 2014.
Amaral cita a elevação nos preços da energia elétrica como um dos principais gargalos no desembolso da indústria. "Não temos como segurar, o aumento de custo tem que ser repassado para o produto final", admite o presidente, sem revelar os valores desse aumento na farinha.
Na lavoura, o último dado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontado em setembro estima uma colheita de sete milhões de toneladas em 2015, aumento de pouco mais de um milhão de toneladas ante o ano passado.
De acordo com Amaral, o número atual da Conab ainda não mede o impacto das chuvas no Sul, mas ele acredita que se a produção for de seis milhões de toneladas não será "nada fora dos padrões" do setor, ou seja, não traria grandes impactos.
Só no Paraná - maior estado produtor da cultura - o prejuízo estimado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura é de redução de 10% na safra, para colheita de 3,6 milhões de toneladas, contra as estimativas iniciais de quatro milhões de toneladas, o que seria um recorde. "Esperava-se que as produtividades das lavouras colhidas em setembro fossem melhores que as colhidas em agosto, porém, isto não se confirmou", avalia o Deral.
DCI
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