Friday, September 18, 2015

Ele reinventou a Positivo por várias vezes e não teme crises

Quando três rapazes com menos de 30 anos entraram na sala do presidente do Grupo Positivo, Hélio Bruck Rotenberg, para apresentar o projeto de um celular que, além de ter uma tecnologia diferenciada, estabeleceria um novo modelo de negócios para a Positivo Informática, o executivo viajou no tempo. Olhando para aqueles jovens ele se viu no momento em que propôs ao fundador da rede Positivo de educação produzir computadores.
"Há 26 anos, quando mostrei que os mesmos clientes que compravam o sistema Positivo poderiam comprar os computadores, o olho do professor Oriovisto Guimarães brilhou. E na hora em que os três me mostraram o projeto do celular Quantum, top de linha que consegue ser barato porque reduz várias etapas da cadeia com a venda direta pelo site, eu me senti assim", conta.
No final dos anos 80, Rotenberg tinha acabado o mestrado na PUC do Rio de Janeiro e voltava a Curitiba sem saber qual o rumo da vida profissional. Foi quando uma propaganda da Faculdade de Informática Positivo chamou sua atenção. "Conversando com meu pai, ele disse que conhecia alguém que trabalhava lá e poderia me apresentar e eu fui", relembra.
No final da entrevista, o fundador do Grupo Positivo estava tão impressionado que o contratou na hora. "Perguntei porquê e para qual cargo ele estava me contratado e ele disse que iria ser o diretor da faculdade, porque eu tinha sido o único a explicar de forma fácil o que era informática e, principalmente, porque não tinha cobrado por hora [uma praxe do setor]".
Rotenberg tinha apenas 25 anos e, ao assumir a faculdade mudou todo o currículo e passou a se inteirar sobre a organização Positivo. Segundo ele, a rede que usava apostilas do grupo era muito grande. Então, propôs aos colégios ensinar informática. "Visitei escolas, mas vi que elas não poderiam fazer isso porque não tinham computadores", conta. Nessa época, o mercado era fechado e as escolas não conseguiam comprar. De um lado havia os computadores de marca, mais caros, e de outro o contrabando, o que impedia ação.
Possibilidades
Diante desse cenário, o executivo começou a procurar alternativas. Mesmo sem entender do setor de hardware, em seis meses ele batia na porta de Oriovisto para propor a criação de uma fábrica de computadores. "Ele me achou louco, mas expliquei o plano de vender para escolas que já usavam o sistema e ele gostou", explica.
A proposta de Rotenberg era ser sócio da nova empresa, com suas economias, em torno de US$ 20 mil. "Ele topou e começamos a montar computador no laboratório da Faculdade Positivo, em Curitiba."
No início, em 1989, foram produzidos 50 computadores. Era época de reserva de mercado e o primeiro cliente foi uma escola de São Paulo. Mas em 1990, o então presidente Fernando Collor abriu o mercado de informática e congelou as mensalidades. "Numa tacada só ele acabou com nosso mercado, tirando poder de investimentos das escolas e abrindo a porta aos competidores. Com apenas oito meses vivemos a primeira crise. Por isso, hoje vejo crises de forma natural."
A saída, então, foi focar em quem não comprava marca e não podia comprar de contrabando, ou seja, governos. Foi assim que a Positivo Informática passou a vender primeiro para o governo de Curitiba (PR) depois, São Paulo e outros até que as escolas começaram a voltar a comprar, em 1993. "Mas não se falava mais sobre ensinar informática e sim com informática. Foi quando começamos a trazer softwares educacionais para o País e 50% da receita passou a vir disso."
A Positivo continuava participando de licitações e no mundo educacional, quando em 2002 o dólar virou. "Era final do governo Fernando Henrique e eles pararam de comprar, para não passar compras para o governo seguinte." A entrada no varejo tornou-se a única saída. "Em 2003, muitas empresas desapareceram, como Metron e Five Star, e surgiu um vácuo de mercado", diz.
Em 2002, a Positivo produzia 23 mil computadores, em 2003 fizeram cerca de 21 mil, mas em 2004 saltou para 104 mil computadores. No final daquele ano já era líder do mercado. Em 2005, chegou a 380 mil computadores e, num crescimento exponencial, atingiu a marca de 2 milhões em 2012, média que se mantém nos últimos anos. "Entramos nos mercados de smartphones, corporativo, argentino e até o africano. Passamos por grandes crises e na reinvenção conseguimos superar. Agora, sabíamos que a classe C iria ser afetada, por isso, o projeto do celular Quantum foi apressado, assim como lançamento da linha Vaio, pois queremos manter crescimento e a inovação é fundamental para isso."
DCI
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